terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

La felicidad no llegó, siempre estuvo acá

Ayer por la mañana me desperté a toda prisa. Me dijeron que ella estaría cerca de la vecindad en que vivo. Rápidamente salí de la cama, tomé el desayuno y lavé los dientes. No peiné los pelos porque casi no los tengo, soy calvo hace unos diez años. Vestí la ropa y cogí lo necesario para un encuentro con la tan soñada Felicidad.

Caminé para acostumbrarme con la nueva realidad. Puse las gafas para verla distante, pero aún no la conocía bien. Después de mucho procurarla, llegué al hogar especificado. Pensaba que la encontraría, pero no estaba allá también. Volví a la casa y me puse a dormir para olvidar de la desaparición de la Felicidad por los caminos de la vida.

Hoy sé que la felicidad no está cerca de mi vecindad, ni cerca de mí, pero dentro de mi corazón. Ella no llegará mañana o en el año que viene. Ella está a nuestra disposición en el día de hoy. Mañana, otra vendrá y así sucesivamente. Cada día tiene su proprio mal o bien.

Post Scriptum: Hace tiempo que no escribo en Español, por eso ya les pido perdón por los posibles errores.

Do medo do erro à adequação vocabular

Certa vez um professor de português foi assaltado no centro do Rio e, para pedir socorro, gritou: “Peguem-no, peguem-no!”. Como nenhum dos populares sabia quem era “no”, o ladrão fugiu e sumiu no meio da multidão... Isso ilustra como o apego à norma culta pode criar ruído na comunicação. Quando alguém ensina ou aprende algo, o objetivo é atingir um padrão de excelência a que comumente se chama “o certo”. Entretanto, quando se trata de ensino-aprendizagem de uma língua, devem-se considerar as diversas situações de interação das quais o aluno faz parte.

O ensino tradicional de língua portuguesa privilegia a modalidade culta em detrimento dos demais níveis de fala. Nesse contexto, passa-se ao aluno a ilusão de que se deve escrever e falar o “bom português” em todas as relações sociais. Todavia, o português exigido é o de Camões e de Machado, cujos textos figuram em gramáticas que se dizem contemporâneas, não se sabe de quem. Por isso, o padrão erro/acerto deveria ser substituído pelo adequado/inadequado em um ensino que se proponha contextualizado.

Há alunos que dizem não gostar de escrever. Apesar disso, escreve em sites de relacionamento, deixa comentários em blogs de amigos ou tem um diário guardado. É função do professor interpretar essas informações e perceber que alguém com esse perfil gosta de escrever, mas tem medo do rigor gramatical. Deve-se cuidar para que o medo do erro não bloqueie a criatividade do aluno que precisa se expressar. Desse modo, um ensino mais atrativo deveria considerar os textos do interesse do educando, para que, depois, discutam-se os contextos sociais mais adequados.

Um parente do governador não deveria chamar Sua Excelência de Serginho no lugar de trabalho. Por outro lado, em uma festa de família, chamá-lo de Excelência soaria deboche ou ironia. Tanto o diminutivo que expressa afetividade quanto o pronome de tratamento formal fazem parte da gramática, mas não se deve esquecer o contexto e a intenção. Fala e escreve bem aquele que, de forma mais precisa, adapta seu discurso ao contexto.

Dificilmente um aluno internalizará uma construção gramatical apresentada fora de contexto, visto que o indivíduo adota para si aquilo com que se identifica. Para que a dita norma culta seja aprendida, deve-se, ainda que hipoteticamente, conduzir o estudante a uma situação em que ela faça sentido.

Dessa forma, independentemente do contexto em que alguém fale ou escreva, o produto deve transmitir de forma clara e convincente aquilo que o gênio humano pensou. Além disso, a norma culta não deve ser um instrumento de opressão que discrimina pessoas. Conclui-se que professores devem conhecer o aluno; o que escreve, se escreve; para quem escreve; e ajudá-lo a fazer isso cada vez melhor, ajudando-o a incrementar o exercício de sua cidadania.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Análise do filme Garotas do Calendário, em conformidade com o texto “Antropologia e o estudo dos grupos sociais e das categorias de idade”

Antropologia e o estudo dos grupos sociais e das categorias de idade

O texto apresenta como as etapas da vida são vistas pelos agrupamentos humanos em diferentes períodos históricos, com foco na terceira idade. Nele pode-se ver que em certas sociedades, algumas das divisões tradicionais do desenvolvimento humano, como infância, adolescência, juventude, fase adulta e velhice, simplesmente não existem. O começo e o fim de cada uma dessas categorias de idade não são estipulados apenas por fatores biológicos, mas também por fatores históricos, políticos e sociais.

Na tentativa de apresentar os princípios organizadores do curso da vida, a autora apresenta os seguintes conceitos:

Idade Cronológica: Tempo contado cronologicamente a partir do nascimento do indivíduo. Sistema de datação importante para o exercício da cidadania nas sociedades ocidentais, visto que regula determinados direitos e obrigações, define papéis ocupacionais e serve como base para reivindicações sociais. É um instrumento de controle que o Estado tem para controlar diretamente a vida dos indivíduos, dividindo a vida em etapas como a idade em que se deve entrar para a escola, idade para o serviço militar obrigatório, para votar, para se aposentar, etc.

Idade Geracional: Independe da idade cronológica ou do nível de maturidade e pode ser vista de duas maneiras:

1. No âmbito familiar, representa a sucessão de um grupo por outro, estabelecendo as relações de parentesco;
2. No âmbito social, representa um grupo de indivíduos que compartilharam das mesmas experiências e possuem comportamento semelhante.

Nível de Maturidade: É a capacidade que um indivíduo tem de desenvolver determinadas atividades, está relacionado ao desenvolvimento intelectual. Não se leva em conta a idade cronológica ou a geracional. Por isso, indivíduos com a mesma idade cronológica podem apresentar diferentes níveis de maturidade, e o inverso também é possível.

Uma análise do filme Garotas do Calendário

Baseado em fatos reais, o filme Garotas do calendário retrata a história de duas amigas inseparáveis, Chris (Helen Mirren) e Annie (Julie Walters), moradoras de uma pequena cidade conservadora da Inglaterra. Chris é membro do Women's Institute, cujo lema é informação, diversão e amizade, uma associação nacional com reuniões mensais que desenvolve atividades para senhoras, como jardinagem, tricô ou a preparação de doces e bolos.

O marido de Annie morre de leucemia e ela resolve se juntar ao grupo, na tentativa de angariar fundos para ajudar o hospital da cidade. Chris desenvolve uma campanha que consiste em fazer um calendário com uma integrante do Women's Institute para cada mês, mostrando algo relacionado a suas habilidades domésticas. Essa ideia mexeu com a cidadezinha inglesa, visto que, segundo a proposta de Chris, as senhoras deveriam aparecer completamente nuas nas fotos.

Esse filme é uma boa fonte de discussão sobre idade cronológica, idade geracional e nível de maturidade. Por meio dele podem-se perceber expectativas e preconceitos que as sociedades têm em relação a mulheres com idade cronológica avançada.

Visto isso, é importante salientar que as expectativas e os preconceitos difundidos variam de acordo com a época e com o grupo social, em relação a homens e a mulheres, em relação à idade cronológica e em relação ao nível de maturidade dos indivíduos. Com base no texto Antropologia e o estudo dos grupos sociais e das categorias de idade, de Guita Grin Debret, serão analisados, minimamente, os fatores que causaram tamanha estranheza para os habitantes daquela pequena cidade.

Inicialmente, alguém poderia pensar que os moradores de Knapely, a cidadezinha em questão, achavam extremamente vulgar a atitude de uma mulher deixar-se fotografar nua para um calendário, mas ao longo do filme isso se modifica. De acordo com a tradição, o instituto fazia calendários com fotos de bolos. A ideia do calendário com fotos de senhoras nuas surgiu quando uma delas entrou em uma oficina e viu fotos de mulheres nuas nas paredes. Além disso, há uma cena em que uma das senhoras acha uma revista masculina que seu filho esconde em baixo da cama. Ou seja, a imagem de uma mulher nua na parede ou em uma revista, desde que seja uma desconhecida, não feria a moral da comunidade.

A idade das mulheres que se dispuseram a tirar as fotos também foi um fator decisivo para dar início ao preconceito e às especulações. Implicitamente, os padrões estéticos estipulam que somente mulheres jovens e com corpos esculturais podem tirar fotos nuas. Além disso, fotos nuas são associadas à sexualidade ativa, e a sociedade não aceita que mulheres mais velhas tenham esse comportamento. Entretanto, a proposta das fotos não era nada obscena. Assim, as pessoas perceberiam que as mulheres estavam nuas, mas nem os seios nem as genitálias ficariam à mostra.

Entende-se, com esse filme, que homens e mulheres são vistos diferentemente em relação à idade e às práticas sexuais. É socialmente admissível que um senhor tenha vida sexual ativa e se relacione com uma mulher com idade para ser sua filha, mas às mulheres não é outorgado esse direito. O preconceito traveste-se de preocupação e as poucas que tentam esse tipo de relacionamento são desestimuladas, principalmente pela família, sob o pretexto de que não existe amor verdadeiro por parte do homem mais novo, mas um interesse, geralmente, financeiro. Tal argumento não poderia ser utilizado no caso dos homens mais velhos?

Com o avanço da idade cronológica, uma pessoa pode, legalmente, ser impedida ou deixar de ser obrigada a praticar certos atos ligados à cidadania. Por força da lei, idosos precisam se aposentar com certa idade e são desobrigados de votar, por exemplo. Entretanto, há certas restrições implícitas que foram criadas por conceitos e preconceitos subjetivos em vigor nas diferentes sociedades. Na situação mostrada pelo filme, os moradores faziam parte de uma geração que acreditava na possibilidade de as fotos mancharem a moral das senhoras e que não tinham maturidade suficiente para entender o propósito do calendário e o tipo de fotos que seriam feitas.

Conclui-se este trabalho observando que no filme em questão pode-se perceber a forma como algumas senhoras de uma sociedade conservadora conseguiram superar as barreiras e vencer os preconceitos de sua comunidade. A idade cronológica e o nível de maturidade delas não foram suficientes para que seus concidadãos aceitassem com naturalidade sua decisão. A atitude delas pode ter sido um ponto de partida para a transformação das mentalidades daquele grupo, fazendo com que ele participasse dessa nova experiência, abalando os costumes daquela geração.

Bibliografia

DEBRET, Guita Grin. Antropologia e o estudo dos grupos sociais e das categorias de idade In: Velhice ou terceira idade?: estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. 2. ed. Editora FGV, Rio de Janeiro, 2000.

Ficha Técnica

CALENDAR GIRLS = Garotas do calendário. Direção: Nigel Cole. Elenco: Helen Mirren; John Alderton; Linda Bassett; Annette Crosbie; Philip Glenister; Ciarán Hinds; Celia Imrie; Geraldine James; Jay Leno; Julie Walters; Penelope Wilton. Inglaterra: Buena Vista International / Touchstone Pictures, 2003. 108 min., son., color.