quinta-feira, 3 de março de 2011

Um NÃO ao xixi na rua e à camisinha no bolso. Como disse o Velho Guerreiro, o lugar dela é no pescoço!

Hoje acordei disposto e, apesar da chuva, fiz minha caminhada matinal. Como gosto de ouvir música ou as notícias do dia enquanto me exercito, peguei o celular (que também é rádio, filmadora, câmera fotográfica, peso para papel, etc.) e saí em busca de alguns dos dez mil passos diários sugeridos pelos estudos mais recentes.

Comecei a pular de estação em estação, e parei na rádio Globo, para ouvir um pouco de informação sem a seriedade da CBN. Ressalto que gosto desta emissora, mas a aproximação do carnaval não nos deixa pensar em nada muito sério. Meu objetivo era me exercitar e relaxar, não necessariamente nessa ordem.

Os dias que antecedem a festa de Momo fizeram com que a rádio Globo reproduzisse algumas das marchinhas eternizadas na lembrança do carioca. A de hoje, veiculada por volta das nove horas, foi gravada pelo Chacrinha no final dos anos 1980, quando a AIDS começou a tirar o brilho das fantasias de carnaval.

Nela se ouvia o Velho Guerreiro, acompanhado de suas chacretes e banda, dar um sábio e atual conselho: “Bota camisinha / Bota meu amor / Que hoje tá chovendo / Não vai fazer calor / Bota a camisinha no pescoço / Bota geral / Não quero ver ninguém / Sem camisinha / Pra não se machucar / No Carnaval”. Essa marchinha cheia de duplo sentido foi uma das formas de educar o povo sexualmente diante dessa nova realidade, tanto no rádio como na televisão. Lá se vão quase duas décadas e todo fevereiro-março faz sucesso na boca do povo. Agora você vai entender onde entra (mas não deveria) o xixi nessa história.

A televisão tem divulgado comerciais alertando a população, principalmente os marmanjos, a não urinar nas ruas nesses dias de folia. Além dos comerciais na TV, há anúncios no rádio e cartazes espalhados em lugares de grande concentração de foliões. Isso é correto, visto que a cidade que abrigará a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 deve saber, pelo menos, dar um fim ao xixi que escorre pelas ruas quando acontece qualquer comemoração.

Para que isso se resolva, é necessária uma operação conjunta entre a prefeitura e a população. A primeira, ainda que com ajuda da iniciativa privada, deve colocar um número suficiente de banheiros químicos, bem localizados e devidamente higienizados. A segunda deve entender que o poder público não consegue tomar conta de tudo sozinho, por isso, deve ter consciência de sua responsabilidade socioambiental.

Parte de minha revolta está relacionada à repulsa que senti quando, durante a caminhada, vi um vira-lata sair mastigando alguma coisa de um banheiro químico instalado perto dos Arcos da Lapa. Fiquei minutos tentando não imaginar o que poderia ter sido, mas sei que não era Pedigree Champ. Se a prefeitura não providenciar a limpeza, o cãozinho vai voltar lá na hora do almoço... Ai, credo.

Bem, apesar de a AIDS continuar sendo um problema de saúde pública, sua prevenção não está sendo bem divulgada como em outros carnavais. Estão se preocupando mais com o xixi nos postes, árvores, paredes e algumas bancas de jornal quase podres por aí e com o consumo excessivo de álcool associado à direção.

De tudo um pouco, nada de excesso. A mídia deveria fazer campanhas de prevenção contra tudo o que oferece risco à sociedade, mas sem dar preferência a um tema exageradamente. A cada ano escolhem um mote e ficam martelando naquilo em datas específicas. Daí o povo pensa que o problema combatido no ano anterior já foi resolvido.

A melhor solução seria beber pouco, voltar para casa de táxi ou de carona com alguém que não tenha bebido. Bebendo pouco, a pessoa vai urinar pouco e, quando der vontade, vai conseguir chegar ao banheiro químico mais próximo (caso haja). Em relação à camisinha, o lugar dela é no pescoço, antes, durante ou depois das fantasias.

Acabei dando quase treze mil passos, só pela manhã. Espero que nossa cidade dê muitos outros a cada manhã ensolarada que traz a esperança de quem está aos pés do Cristo. Pela saúde, pelas ruas mais limpas e pela memória/esperança de bons carnavais, façamos nossa parte.

2 comentários:

Marcia Soares disse...

Pois é me amigo, concordo plenamente com vc. Mas o povo é muito mal educado e a falta de organização da prefeitura é imensa e acho até que as pessoas já fazem de propósito, só aquelas que vão presas que sossegam um pouquinho. O fedor do banheiro é insuportável, coitado do cachorrinho que vc viu, será que ele ainda está vivo? rs.
Como disse Vinicius: "E a gente vai LEVANDO, a gente vai TOCANDO, a gente vai TOMANDO, a gente vai DOURANDO essa PÍLULA! Rsrs
Beijos!

Alfredus Petrus disse...

Valeu pelo comentário poético. Beijão.