sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Língua Latina e Língua Portuguesa: Analogias e Contrastes II

Em sua segunda aula, 13/02/2010, a professora Flora Simonetti entregou a seus alunos a ementa de sua disciplina e teceu comentários sobre a bibliografia e o conteúdo programático. Deste, os três itens comentados foram introdução, fonologia e morfologia. A introdução foi feita na aula anterior, quando se falou sobre o Latim Vulgar como a origem do Português. A fonologia será estudada de forma geral e a morfologia será o próximo ponto alto das aulas, visto que conhecimentos morfológicos são necessários para se entender a sintaxe.

A professora fez um breve comentário sobre as diversas classes gramaticais e suas semelhanças e diferenças em Língua Latina e em Língua Portuguesa. Em relação aos verbos, foi explicado por que o verbo pôr pertence à segunda conjugação do Português. O Latim possuía quatro conjugações. A primeira, com a terminação āre; a segunda com ēre; a terceira, com ĕre e a quarta com ĭre. Com o passar do tempo, a quantidade da terceira conjugação latina mudou de breve para longa e, com isso, os verbos foram abarcados pela segunda conjugação.

O verbo pôr e seus derivados pertencem em Português à segunda conjugação porque o verbo latino ponĕre passou pelas seguintes transformações: ponĕre - ponēre - poner - poer - pôr. Da primeira para a segunda fase exposta acima houve uma mudança na quantidade da vogal e de breve para longa; da segunda para a terceira, houve uma apócope; da terceira para a quarta, houve a supressão da consoante nasal e da quarta para a quinta, a vogal e foi assimilada pela vogal o.

Ressalta-se que o acento circunflexo foi colocado para que se diferencie o verbo pôr da preposição por. A maioria dos acentos diferenciais foi abolida pelo novo acordo ortográfico, mas os pares pôr (verbo) / por (preposição e pôde (pretérito) / pode (presente) permanecerão obrigatórios. Em síntese, a terceira conjugação latina foi absorvida pela segunda. Todos os verbos derivados do verbo pôr pertencem à segunda conjugação portuguesa.

Ao falar sobre o pronome, que deriva do Latim pro nomine, algumas frases com pronomes relativos foram criadas para posterior análise. A primeira frase foi Os meninos, que eu encontrei, são meus amigos. Neste caso, o pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva explicativa e tem a função sintática de um objeto direto. A segunda frase foi Os meninos, que estudaram muito, foram aprovados. Novamente o pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva explicativa, porém sua função sintática, neste caso, é de sujeito da oração a que pertence. Dentre outros exemplos, fez-se a distinção entre o pronome relativo que e a conjunção integrante que, no caso das orações subordinadas substantivas.

Ainda sobre os pronomes relativos, a professora pediu um exemplo de oração com o relativo cujo. O exemplo dado por um aluno, que inclusive foi questão de concurso, foi: Ele é o homem de cujos méritos não se podem duvidar. Em seguida, criou-se um debate acerca da preposição de diante do relativo cujo no exemplo dado, porque alguns a acharam dispensável, visto que o relativo cujo e suas flexões já expressam ideia de posse.

Lembra-se que em alguns casos faz-se necessário que se coloque diante do relativo cujo e suas flexões a preposição exigida pelo verbo em função da regência, conforme pode ser visto na gramática de Evanildo Bechara*. Por exemplo: 1) O jogo, a cujo final não assistimos, acabou empatado. 2) O funcionário em cujas palavras não acreditei está de partida. 3) O professor de cujas experiências discordo está lecionando na cidade. 4) O jogo por cujo resultado ansiamos está na iminência de acabar. 5) O cantor com cujas músicas você simpatiza é bem versátil.

Por fim, a professora pediu que os alunos pesquisassem sobre o tema acima e que preparassem para a próxima aula algumas frases com pronome relativo, verbos de ligação em função diferente da tradicional e adjunto adnominal.

* BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. 16ª reimpressão. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2006. Edição Revista e Ampliada. p. 202.

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