sábado, 30 de outubro de 2010

Breve reflexão sobre a Ética do Discurso

A ética do discurso surgiu no final dos anos 1960, apresentando a ideia de que a linguagem é a base das normas morais. A verdade, portanto, deixaria de ser a relação entre o mundo real e o que é dito e passaria a ser vista como algo consensual.

Dessa forma, um predicado passa a ser adequado ao sujeito se todos os envolvidos no discurso assim o quiserem, abrindo espaço para exceções, desde que racionalmente justificadas. Insere-se aqui a necessidade de coerência em um conjunto de crenças para que algo seja considerado verdadeiro.

O conceito de ética depende da sociedade em que se viva. Visto isto, basear a ética em conceitos puramente políticos, econômicos ou religiosos tende ao insucesso, pois o que é positivo e esperado em um grupo pode não ser em outro.

A linguagem, de certa forma, faz o homem, por isso o discurso em si é o que iguala as diversas sociedades “criadas” por diferentes linguagens, podendo criar juízos universais.

Entretanto, nem sempre se quer alcançar a verdade por meio da linguagem, pelo contrário, há momentos em que esta é usada para ocultar ou manipular aquela. Haja vista as técnicas de oratória, aprendidas e ensinadas há tantos séculos, em que o orador aprende a conquistar e prender a atenção da plateia, ainda que para isso precise mentir ou deformar a verdade.

Partindo do pressuposto de que tudo o que é dito tem alguma relação com alguma ação, nota-se que quando um réu ou seu advogado mentem diante de um juiz, o uso estratégico de sua linguagem visa à absolvição, mas também pode resultar em condenação, caso se percebam inconsistências.

Nesse tipo de situação, a linguagem não tem compromisso, necessariamente, com a verdade, mas com o convencimento dos ouvintes e com a verossimilhança. Por ser possível, algo pode ser tomado como verdade, quando um corpo de jurados inocenta alguém, por exemplo.

Conhecer estratégias textuais da língua e aplicá-las às necessidades específicas de situações do cotidiano é fundamental para que se consiga convencer o ouvinte ou leitor, tendo um discurso ético como base.

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